A Devoção a São Francisco das Chagas no Sertão Central cearense surgiu com a fundação do próprio município de Canindé, com a chegada nestas terras pelo terceiro franciscano Xavier de Medeiros que, proveniente da fraternidade secular de Recife PE, trazia consigo um ardor pelo carisma franciscano. A mística das chagas foi aqui cultivada pelos frades capuchinhos, que chegaram aqui para assumir os trabalhos no Santuário, de forma especial na pessoa de Frei Daniel de Samarate que, em vida, fez a experiência de ter em seu corpo feridas que mesmo causando sofrimento e dor, era visto pelo Servo de Deus como uma possibilidade de conversão.
Aqui os romeiros encontraram um lugar para rezar, celebrar e encontrar alívio para as suas feridas. Frei João Sanning ressalta que “Quando o romeiro entra na Casa de Deus, na Basílica, vê logo o Cristo de braços abertos para acolher a todos. Lá no altar está o servo de Deus, São Francisco das Chagas! Aquele homem que sentia compaixão com Jesus crucificado, que praticava a compaixão com os leprosos, que sofria muitas doenças em sua vida, mas nunca vacilou no seu amor aos pobres. Com este homem encontra-se nosso romeiro devoto em profunda oração”. Essa mesma experiência é narrada pelos compositores Clóvis Pinto e Josias Gondim: “e ao fitar no altar tua imagem, sentem n’alma cascatas de luz”.
A auto identificação com o homem chagado Francisco de Assis fez com que os romeiros e devotos, criando laços de fé com o santo, fossem somando ao nome do santo outros adjetivos que geram uma familiaridade. As chagas trazidas pelos romeiros os levam a ver o poverello não mais como Francisco apenas, mas Francisco das Chagas.
Toda esta devoção tão marcada na história e cultura do povo nordestino, que trazem em sua religiosidade a meditação da paixão, as penitências etc, ganha um sentido ainda maior este ano, quando a Família Franciscana celebra os 800 anos da impressão das Chagas de São Francisco. Em carta, por ocasião da celebração da data, o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Frei Massimo Fusarelli, que estará presente nos festejos deste ano, propôs o itinerário que começa com a necessidade de dar tempo ao encontro com o Senhor, um olhar de misericórdia assim como fez o próprio Francisco “que nos ensina que o primeiro material para a oração é a nossa vida, com todos os seus aspectos, para ser colocada sob o olhar misericordioso do Senhor, que nos acolhe e nos cura” e por último, assim como fez nosso padroeiro, fazer um “verdadeiro encontro com Cristo crucificado e ressuscitado que atua também em nós e nos leva a reconhecer os estigmatizados do nosso tempo, a serem próximos, consolados e cuidados, bem como nos convida a olhar para o cosmos, em que hoje reconhecemos uma agonia de morte e de vida: um cosmos que carrega os estigmas da exploração violenta, mas que ainda revela a força da vida, impressa pelo Criador”.
Em sua mensagem para a Festa deste ano, o reitor do Santuário Frei Gilmar Nascimento ressaltou que “o significado das Chagas de São Francisco, vai além do contexto histórico; é uma reflexão profunda sobre a experiência de vida que se esconde por trás desse evento marcante.” E convidou a todos a fazerem neste Santuário a experiência concreta do amor que deixa marcas.
A expressão das chagas estão presentes em todos os espaços do Santuário de Canindé, na iconografia, nos rostos dos romeiros, nos ex-votos, na busca pelos sacramentos, nas procissões e em cada gesto, vemos impressos novamente as marcas que apontam para a esperança da vitória pascal que se atualiza na vida de cada devoto. O monte Alverne, nestes dias de festejo, tem seu cume na experiência simples dos romeiros que encontram nesta cidade cearense uma renovação com um ardor seráfico que inflama o coração para as lutas e fadigas de cada dia.
Texto: PasCom
Serviço: SerCom do Santuário
Seja um Benfeitor da Esperança e contribua com o aprimoramento contínuo de nosso espaço sagrado! Cadastre-se clicando no banner abaixo:
Serviço:
(85) 3343.9950 – Campanha dos Benfeitores do Santuário
(85) 3343.0017 – Secretaria do Santuário